Transtornos alimentares

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As perturbações do comportamento alimentar são uma crescente preocupação nas sociedades modernas, tendo vindo a aumentar – sobretudo a Bulimia e a Ingestão Compulsiva – a um ritmo que a ciência, na sua tentativa de encontrar soluções eficazes, tem dificuldade em acompanhar.

BULIMIA

A Bulimia Nervosa é uma doença silenciosa. Como não está associada a acentuadas perdas ou aumentos de peso, é das perturbações alimentares aquela que mais despercebida pode passar.
Por detrás de uma imagem aparentemente normal esconde-se um corpo insatisfeito, que se move continuadamente entre ingestões excessivas de comida e comportamentos compensatórios para dela se libertar. A ideia assumida é de que tudo pode ser ingerido, pois tudo será expelido em seguida, mesmo antes da absorção do organismo, impedindo qualquer ganho de peso. Nessas ingestões, quantidades de alimentos consideradas exageradas pela maioria das pessoas, são consumidas compulsivamente num curto espaço de tempo, a um ritmo acelerado, sempre acompanhadas por uma sensação de falta de controle sobre o que está a acontecer.

O que é ingerido parece ser variável, mas verifica-se uma tendência para comida altamente calórica e de fácil deglutição, como os doces, as bolachas e os bolos ou os iogurtes. E se inicialmente existe alguma sensação de prazer ou saciedade, rapidamente emergem as sensações de ineficácia e falta de controle, e surgem os de sentimentos de angústia, vergonha, culpa e a baixa auto-estima. A vergonha faz com que estes comportamentos sejam, na sua grande maioria, praticados às escondidas, longe dos olhares e críticas dos outros, acontecendo quando se encontram a sós, ou sob estratégias como as de levar a comida para locais seguros como o quarto, onde sabem que não serão descobertas.

A culpa, o mal-estar e o medo intenso de ganhar peso, conduzem à urgência da libertação da grande quantidade de alimentos acabada de ingerir. É necessário “limpar o corpo”, é fundamental “purificá-lo”, e numa tentativa de prevenir o ganho de peso e aliviar o desconforto, é comum serem praticadas algumas das seguintes estratégias: vómito auto induzido, tomada de laxantes ou diuréticos, atividade física exagerada ou períodos de jejum prolongados. Contudo, estes comportamentos acabam por estimular a fome, e conduzem a novas ingestões compulsivas, facilitando a perpetuação do ciclo vicioso da bulimia.

Com o tempo, o impulso para comer vai-se tornando cada vez mais intenso, levando ao aumento da frequência e duração das ingestões bem como ao da quantidade de alimentos ingeridos. Consequentemente o medo de engordar também se vai intensificando, podendo surgir, como uma resposta extrema, a tentativa de eliminação imediata de tudo o que é ingerido.
O descontentamento com a aparência física e o intenso medo de engordar, conduzem por vezes à prática de dietas restritivas e inflexíveis, impossíveis de cumprir, e amplamente responsáveis pela instalação deste ciclo bulímico. Mas a Bulimia não surge apenas do intenso desejo de emagrecer, ela é resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos, familiares e socioculturais. Traduz-se numa dificuldade em lidar com sentimentos e quando a doença está instalada, as crises de ingestão compulsiva parecem surgir como resposta às instabilidades emocionais, cumprindo a comida uma função calmante, de preenchimento de vazios psicológicos e de estabilização emocional. E o ciclo bulímico passa a ser uma resposta de gestão de situações de ansiedade, stress, raiva, tristeza, frustração, rejeição, entre outras.

A Bulimia Nervosa é uma doença que se manifesta maioritariamente no sexo feminino, sendo a sua prevalência ao longo da vida de 1% a 3%. No sexo masculino também pode ser verificada, embora numa percentagem aproximadamente 10 vezes inferior, e aqui o exercício físico excessivo apresenta-se como o comportamento compensatório mais utilizado.
A maioria dos casos encontram-se na faixa etária dos 20 anos, mas também podem surgir no período da adolescência ou numa idade mais tardia, e o problema tende a persistir durante vários anos até à procura de ajuda.

Sintomas físicos

  • Grandes variações no peso; Embora normalmente se apresentem com um peso dentro da normalidade;
  • Glândulas salivares inchadas, resultante da provocação continuada do vómito;
  • Garganta irritada
  • Problemas dentários (esmalte desgastado e surgimento de cáries)
  • Fadiga
  • Fraqueza muscular
  • Dificuldades em dormir
  • Irregularidade menstrual

Sintomas Psicológicos

  • Alterações de humor
  • Emotividade e Depressão
  • Obsessão por dietas
  • Dificuldade de controle, relativa ao ato de comer
  • Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente
  • Auto-crítica severa
  • Pensamentos de auto-censura depois de comer
  • Auto-estima determinada pelo peso
  • Necessidade de aprovação pelos os outros

Sintomas Comportamentais

  • Obsessão por comida e ingerir grandes quantidades de alimentos
  • Comer de forma escondida
  • Indisposição após as refeições
  • Provocação de vómito
  • Abuso de laxantes, substâncias para emagrecer e diuréticos
  • Jejum prolongado e frequente
  • Exercício físico excessivo
  • Fuga de situações que envolvam restaurantes, refeições planejadas e eventos sociais
  • Isolamento Social

INGESTÃO COMPULSIVA

Tudo começa comigo quando penso em comida… de início não passa disso, mas depressa os pensamentos se transformam em fortes desejos e o impulso de comer se torna muito forte.. De início é um alívio… um grande conforto… que aos poucos se transforma numa sensação de êxtase e sei que ai já não tenho qualquer controlo sobre o que estou fazendo… é comer e comer alucinadamente até mais não, até estar completamente cheia, e sentir-me terrivelmente maldisposta com isso. Depois, imóvel, sem conseguir me mexer de tantas dores de estômago e barriga, sou invadida por uma enorme culpa e uma imensa raiva de mim própria”.

“Crises de Voracidade Alimentar”, “Ingestão Compulsiva” ou “Binge Eating” sãos os termos que utilizamos quando nos queremos referir a esta disfunção alimentar. Embora não seja ainda reconhecida nos manuais de diagnóstico psiquiátrico como uma Perturbação do Comportamento Alimentar, há indicações, desde a década de 90, de que seja identificada pelos clínicos que trabalham nesta área, e tenderá assim a ser reconhecida como uma perturbação independente, na próxima edição dos manuais.

Ela caracteriza-se como foi atrás descrita, por um comer excessivo e descontrolado de uma quantidade de alimentos, considerada exagerada pela maioria das pessoas, que só termina quando um intenso mal-estar ou exaustão física extrema são atingidos. A ingestão é feita aceleradamente e num curto período de tempo, e acontece normalmente quando a pessoa se encontra sozinha ou em locais mais isolados, onde não existe possibilidade de ser confrontada pelos outros ou onde essa hipótese e muitíssimo reduzida. E se os primeiros momentos da ingestão podem ser agradáveis, sendo até possível saborear-se a comida, depressa se transformam em momentos de angústia e até mesmo aversão, que vão se intensificando com o aumento do consumo alimentar.

Depois dos episódios surgem habitualmente os sentimentos de tristeza e fracasso, de culpa e de raiva, e enfartadas de comida sentem-se excessivamente vazias. O aumento de peso é uma consequência destas práticas alimentares e as dietas evidenciam-se como uma tentativa de resposta. E quanto mais peso ganham, mais se esforçam por cumprir as dietas, mas quanto mais se esforçam por cumpri-las, mais se vêem envolvidas em ingestões excessivas, num ciclo que parece não ter fim.

Tal como acontece na Bulimia, os episódios tendem a ser desencadeados devido a alterações de humor, tensões emocionais ou problemas do cotidiano, e mais uma vez, a procura de comida cumpre a função de apaziguamento e estabilização emocional. Mas contrariamente à Bulimia, na Ingestão Compulsiva não se verificam comportamentos compensatórios.

Surge, tendencialmente, no início da idade adulta e no que respeita à sua incidência, parece ser a perturbação alimentar que menor diferença entre sexos registra, embora se verifique tal como nas outras, uma maior prevalência de casos no sexo feminino.

Por Oficina de Psicologia.


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