O transtorno erétil masculino, um tabu social, consiste na incapacidade persistente ou recorrente de obter ou manter uma ereção adequada até a conclusão da atividade sexual, o que deve causar acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
O primeiro passo para se proceder a um tratamento adequado é saber se há ou não causa orgânica determinante. Se bem que todos os clientes necessitem, em maior ou menor grau, de alguma ajuda psicoterápica, em alguns é urgente o tratamento orgânico, sem o qual a disfunção não será solucionada e todo o apoio psicoterápico será inútil e frustrante.
Antes de tudo é importante salientar que não é possível traçar um esquema terapêutico rígido, aplicável a todos os casos. De modo geral, há três pontos sobre os quais existe a necessidade de análise e avaliação de forma mais atenciosa. São eles: questões conjugais, que potencialmente precipitam desgastes emocionais, baixa autoestima aliada à insegurança e ansiedade quanto ao desempenho sexual.
No que corresponde à baixa autoestima, é importante que se esclareçam crenças irracionais e mal-adaptativas relacionadas a conceitos de sexualidade, genitalidade, sensualidade e masculinidade. No que concerne ao homem heterossexual portador do distúrbio eretivo, podem surgir temores em relação à homossexualidade, isto é, os homens heterossexuais interpretam, muitas vezes, que a dificuldade para conseguir ou manter uma ereção é um sinal de que possuem tendências homoafetivas. Deve-se esclarecer que a ereção, assim como toda resposta sexual, se dá em razão de um processo reflexo controlado pelo sistema nervoso central. Dessa forma, ela independe do “tamanho” da vontade e do interesse do homem.
Independentemente dos fatores desencadeadores, a maioria dos casos de transtorno de ereção tem sua manutenção devido a pensamentos intrusos, que podem preceder as relações sexuais ou ocorrer durante elas. Esses pensamentos não são eróticos e interferem na excitação. Em homens sem disfunções sexuais, os pensamentos que precedem as interações sexuais ou ocorrem durante essas interações concentram-se normalmente em partes do próprio corpo ou no da parceira, em comportamentos de sedução e na antecipação da excitação e do prazer. O homem sexualmente disfuncional, ao contrário, pode ter preocupações sobre a firmeza da ereção, imagens da irritação ou da frustração da sua parceira e sentimentos de ansiedade e depressão associados ao temor de seu desempenho.
A ansiedade expressa pelo chamado “temor de desempenho” é um dos pontos nucleares a serem enfocados pela terapia. É esse tipo de ansiedade que tende a perpetuar a disfunção. O indivíduo fica se auto-observando, se autotestando e se autoagredindo. O “temor de desempenho” leva geralmente o homem à evitação sexual, à baixa autoestima e, com frequência, à depressão.
No que concerne às questões conjugais, é notória a necessidade de colaboração do outro membro do casal no tratamento da disfunção erétil. A atitude da mulher é básica no processo terapêutico e a indicação a uma terapia de casal torna-se de suma importância.
Lucas Frederico Bezerra
Psicoterapeuta cognitivo, de família e de casal
Referências bibliográficas:
CAVALCANTI & CAVALCANTI.(1997). Tratamento clínico das inadequações sexuais.
DSM IV – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais.