Psicoterapia – Augusto Barreto fala sobre sono, ansiedade e qualidade de vida.

Ouvimos a todo momento falar em irritabilidade, ansiedade, sono ruim, dores, estresse, uso de tranqüilizantes ou álcool “para relaxar” ou para dormir.

Essas declarações nos levam a pensar em várias coisas, mas, com certeza, são de extrema importância para serem abordadas e discutidas. Afinal, como está a sua qualidade de vida?

A saúde mental é tão importante quanto a saúde física e, cada vez mais se veicula essa idéia na mídia. Mas, na realidade, a prática e o comportamento das pessoas não está acompanhando a velocidade das informações.

Para falarmos em sono, ansiedade e qualidade de vida requer uma breve introdução do conceito dos mesmos.

Como Sono, dentre várias definições, duas delas são:

  1. Estado de repouso normal e periódico que, no homem, se caracteriza especialmente pela supressão da atividade perceptiva e motora voluntária e que é variável em seu grau de profundidade;
  2. Estado de quem dorme. Pelo sono o organismo repara as suas forças

Hoje já temos questionários bastante especializados para avaliar a qualidade do sono, além de exames bastante precisos como a polissonografia, que avalia quantidade e qualidade do sono, possível apnéia do sono, dentre outras informações.

A principal alteração do sono é conhecida como insônia, tão familiar a várias pessoas que estão lendo esse texto. É definida pela Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono como “dificuldade para iniciar ou manter o sono”.

A prevalência da insônia na população é de 30 a 50 %. O que você acha? Outro dado: A freqüência estimada do consumo de medicamentos para promover o sono na cidade de São Paulo é de 20 % entre os insones, sendo os benzodiazepínicos (tranqüilizantes como diazepam, lorazepam e outros) os mais usados.

E a ansiedade? Ansiedade é uma condição mórbida que leva à incapacidade funcional persistente ao indivíduo nos variados setores da sua vida (profissional, familiar, social e na saúde). Caracteriza-se por sentimentos subjetivos de antecipação, temor ou apreensão, associados geralmente a vários graus de sintomas físicos bastante desagradáveis.

Como a dor física, a ansiedade leva a alterações do comportamento. Quando ela aparece de forma muito intensa pode desencadear um funcionamento desadaptativo e perturbações psicológicas como ataques de pânico, ansiedade generalizada, fobia social, transtorno obsessivo compulsivo, estresse crônico e, principalmente, alterações nos padrões normais de sono.

O sono de má qualidade ou a falta dele pode trazer outras sérias conseqüências de ordem fisiológica e emocional.

Psicofármacos ou Psicoterapia para o tratamento da insônia?

Não devemos opor psicofármacos à psicoterapia, ao contrário, em muitas ocasiões, a medicação deve proporcionar o suporte necessário para que se possa trabalhar com os recursos que a psicoterapia apresenta para ajudar a pessoa com problemas, de maior potencial curativo a médio e longo prazo. Geralmente se trabalha com o potencial das pessoas para melhorar as suas “habilidades em resolução de problemas” e tentar reavaliar as causas da insônia.

A orientação em relação a higiene do sono também se faz bastante importante na abordagem psicoeducacional da insônia, como não usar substâncias como o álcool ou substâncias estimulantes, como o café, após 18hs, manter horários constantes para ir pra cama e acordar, evitar dormir durante o dia, não ficar no computador até tarde e não dormir com a TV ligada, entre outros.

O mais importante nessa história toda é que deve-se preocupar com a causa dela, ou seja, que fatores ajudaram a iniciar o quadro e principalmente, o que a mantém. Geralmente quando falamos em insônia, os motivos principais ou causas são: problemas familiares, conjugais, situação financeira, ansiedade ou depressão, transtorno do pânico, situações de crise em geral ou problemas profissionais ou acadêmicos.

Falando de conceitos e temas como ansiedade e insônia, é inevitável nos deparar com um tema atualmente bastante difundido e discutido tanto em ambientes acadêmicos como entre a população em geral e a mídia, que é o da Qualidade de Vida (QV).

Esse conceito começou a apresentar importância na década de 1990, sendo que em 1998, teríamos uma definição de qualidade de vida como “a presença pelo indivíduo de sua posição na vida, no contexto de seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

A QV afeta os sentimentos e emoções da pessoa, além de comportamentos relacionados com suas atividades diárias, não se limitando a condições de saúde.

Deixo agora a você um momento para parar e refletir sobre como andam as coisas…O que, no momento em que lia o texto passou pela sua cabeça; que pensamentos teve a respeito do que leu a respeito da relação Sono, Ansiedade e Qualidade de Vida? O que você pode levar como experiência pra sua vida? Claro que esse assunto não deve ser novo pra você. Mas já parou seriamente e pensou, por exemplo: “Em que ponto da minha vida estou e o que não está bem? Sou feliz??? Como lido com as preocupações? O que eu quero pra minha vida a curto, médio e longo prazo? Como posso fazer isso? Sugestão: estabeleça objetivos e pense em como fazer para chegar lá. Se precisar de conselhos, ajuda profissional ou de qualquer tipo, vá em frente! Afinal, você deve ter metas! E, por falar nelas, quais são as suas mesmo?

Não acha uma boa idéia começar a pensar logo nisso? Ou vai esperar 2012? 2013…

Você pode ver a si próprio de outra forma, mais realista. Avalie o que pensa, quais são as idéias que têm a seu respeito. Se não estiver satisfeito, mude!

Boa sorte na sua nova jornada!

Dr. Augusto Cesar Volpi Barretto Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Membro da Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva (ABPC)